O pianista e compositor gaúcho Fernando Corona, 65 anos, faleceu na sexta-feira, 1º de março. Ele sofreu um infarto fulminante em Luxemburgo, onde estava visitando a família do filho Fernando. A informação foi confirmada neste domingo (3) por sua filha Laura. “Ele foi e será a estrela mais brilhante. Meu pai é um artista completo”, definiu Laura, ao comentar o legado de Fernando Corona.
Este foi o último trabalho de Fernando Corona. O show tinha canções feitas com base no livro “Poesia numa hora dessas?!”, de Luis Fernando Verissimo, em um passeio sonoro pelos textos, poemas e frases do escritor gaúcho.
Corona tinha uma participação ativa e destacada em shows na cena cultural da cidade, com apresentações em bares referência para ouvir música como o já mencionado Espaço 373, Odeon, Parangolé, além do projeto Chapéu Acústico, na Biblioteca Pública do Estado, entre outras inúmeras apresentações.
O pianista João Maldonado lembra do projeto criado por Corona, Villa-Lobos Quarteto Jazz, em que o músico gaúcho transformava as composições do maestro carioca em jazz. “Era um trabalho sensacional”, recorda Maldonado, ao destacar que Corona era um grande pianista.
Fernando Corona também atuava como professor de música. Maldonado comenta sobre as aulas que teve na casa de Corona no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. “Em uma das nossas diversas conversas falamos sobre improviso. Ele gostava muito da ideia de trabalhar o improviso na música brasileira”, recorda. Maldonado lembrou ainda de um trabalho realizado com Fernando Corona e Solon Fishbone. “Era um músico sensacional”, destaca.
Na rede social Instagram, o músico Carlos Badia disse que desde muito jovem na música, Corona era uma referência de pianista para uma geração de músicos do Rio Grande do Sul. “Ser uma referência não é para qualquer um! E grande compositor. Um poeta da música, da letra, do instrumental e da canção”, destaca.
Para Badia, Fernando Corona era um pianista diferente do que se ouvia por aí, com extremo requinte, domínio técnico e de harmonia. “E depois começou a cantar também e sua voz era de uma personalidade rara. E ainda por cima um grande contador de histórias e piadas. Trabalhei algumas vezes com ele”, comenta.
Badia lembra da frase que ouviu Corona falar um dia sobre música: “Música é concepção”. Está além de técnica, estudo e conhecimento, também importantes. Sem “concepção” se vai mais além na música, seja como ouvinte, seja como músico.
O jornalista, pesquisador e escritor Paulo César Teixeira disse que quando encontrava o músico Fernando Corona os dois lembravam que foram colegas no colégio Júlio de Castilhos na década de 1970. “Corona era uma referência na música”, destaca Teixeira.
Natural de Porto Alegre, o pianista e compositor Fernando Corona começou sua carreira em 1982, atuando ao lado do cantor Antônio Villeroy (seu primo) e do flautista mineiro Kim Ribeiro. Em 1984, rumou para a Espanha, onde viveu por três anos desenvolvendo um trabalho de jazz e música flamenca.
Três anos depois retornou ao Brasil e passou a atuar ao lado de Bebeto Alves, Renato Borghetti e Antônio Villeroy, entre outros. Em 1987, Fernando Corona (teclados) participou do disco “Pegadas” de Bebeto Alves (voz e guitarra). Ao seu lado estavam o baterista Bebeto Mohr e o baixista Everton Pires.
O músico Fernando Corona deixa três filhos – Laura, Júlia e Fernando –, três netos, e a mãe Magali. A cerimônia de despedida ainda não tem data, em função dos trâmites para trazer o corpo do exterior.