CIA fez campanha contra a China durante a gestão Trump, diz agência

A agência Reuters publicou nesta quinta-feira (14) uma
reportagem que apontou que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês)
dos Estados Unidos realizou uma campanha online contra a China, com autorização
do então presidente Donald Trump (2017-2021).

Segundo a matéria, a ação teria começado em 2019. Não se
sabe sua real extensão. Três ex-funcionários disseram à Reuters que a CIA criou
uma equipe de agentes que usaram identidades falsas na internet para disseminar
narrativas negativas sobre a ditadura de Xi Jinping e vazar informações
depreciativas para meios de comunicação estrangeiros.

De acordo com essas fontes, entre as acusações dessa
campanha, estariam alegações de que membros do Partido Comunista da China escondiam
dinheiro ilícito no exterior e acusações de corrupção na Nova Rota da Seda,
projeto chinês de investimentos em infraestrutura em outros países.

O foco principal seriam países do sudeste asiático, da
África e do Pacífico Sul, regiões onde os Estados Unidos sentiam que estavam
ficando para trás na competição com a China por influência econômica e
geopolítica.

“A sensação era que a China nos atacava com tacos de beisebol
de aço e nós reagíamos com tacos de madeira”, disse um ex-funcionário de
segurança nacional, ao justificar as razões para os Estados Unidos promoverem
essa campanha.

A CIA e Trump não comentaram a reportagem. O Ministério das
Relações Exteriores da China alegou que o caso mostra como os Estados Unidos
utilizam o “espaço da opinião pública e as plataformas de mídia social como
armas para espalhar informações falsas e manipular a opinião pública
internacional”.

Apesar desse discurso de Pequim, ações chinesas para
espalhar propaganda e desinformação na imprensa e nas redes sociais no Ocidente
já foram muito mais amplamente documentadas.

Um estudo do Citizen Lab, um centro de pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá, divulgado no começo de fevereiro, revelou a existência de uma rede operada a partir da China de mais de cem sites em 30 países, entre eles o Brasil, para disseminar desinformação e ataques pessoais contra opositores do regime comunista de Pequim.

Antes das eleições presidenciais de Taiwan, realizadas em
janeiro, perfis ligados à China intensificaram a divulgação de fake news contra
a ilha e os Estados Unidos, como uma história antiga de que os americanos
estariam vendendo carne de porco envenenada para os taiwaneses.

Uma notícia falsa recorrente durante a pandemia de Covid-19 foi a que apontava que o coronavírus teria sido criado em um laboratório militar dos Estados Unidos, que chegou a ser endossada pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

Fonte: www.gazetadopovo.com.br